Alcancei a marca. Bati na marca. Sim,
cheguei nesta data 18, aos setenta anos. No somatório, nada de novo. Todas as
experiências, todas as coisas por que passei, foram vividas no estuário comum
de qualquer mortal. Sim, cheguei aos setenta anos de vida.
Quando nasci de novo aos vinte anos,
aprendi na minha igreja Batista um hino em que se manda contar as bênçãos
alcançadas. Todas as vezes que olho para trás, conto graças. Formei minha
família, fiz filhos, plantei muitas, mas, muitas árvores mesmo, e, escrevi
livros, e vivi as experiências da vida.
Plantei muitas cruzes em cemitérios
distantes espalhados pelo Brasil imenso, ajudei a levar pessoas amigas,
conhecidas e desconhecidas aos cemitérios, e, lá ajudei a fincar cruzes
marcando o solo sagrado na conformidade da sua fé.
Cheguei aos setenta, e, como depositário
da fé, muito mais amadurecido,
experimentado e sofrido na esperança do meu amanhã atravessando o Mar Vermelho
da minha existência, e, me fortalecendo dia a dia na oração e na leitura da
minha bíblia. Já não conto faz muito tempo, o dia do amanhã, esse desconhecido
e improvável acontecimento. Aprendi a contar e vivenciar o meu hoje, meu
instante, meu presente. Não faço futurologia e nem esboço de dentro do meu coração
anseios de vida longa que eu não desejo, nem quero, nem almejo.
Cheguei aos setenta com a consciência
livre e encantada do dever cumprido, de ter sido um bom cidadão exemplar, um
bom pai depois de ter sido um bom filho. Criei filhos no temor do meu Senhor e
aprendi a contar os meus dias na presença do meu Senhor.
Cheguei aos setenta, cheio de orgulho
de ter evitado errar o máximo que eu podia e de ter contribuído, de alguma
forma, para o engrandecimento do ser humano ajudando e criando bons filhos e
bons cidadãos.
Por tudo digo: “solo gratia plena Dei”.