A sigla é terrivelmente temida e conhecida da medicina e de pessoas que
procuram compreender. Trata-se de aneurisma da aorta abdominal.
É muito comum pessoas que passaram por perigo de vida, saírem apregoando
por aí que viram túneis de luz, luzes fortes, anjos e sinos badalando, quando
não são ou foram acompanhadas por multidões de anjos quando se submetem a algum
tipo de procedimento médico de alta resolução e de altíssimo perigo como o que
eu passe.
Depois de uma prolongada estada na
UTI do Hospital Português, em Salvador conduziram-me para uma sala de
operações. Lúcido, cheguei à porta da sala de operações, ali encontrando um
bando de “moleques” risonhos e alegres, acho que composto de médicos,
enfermeiros, técnicos, anestesista, etc, etc. Verdadeiros “moleques”,
recepcionaram-me na porta da sala enorme com piadas sobre um tal de Max de
certa novela, conseguindo arrancar do
paciente um sorriso amarelo e desbotado, completamente sem graça, mas que
reanimou o espírito.
Deitado na mesa operatória em trajes
adâmicos, alguém me colocou no nariz e boca um aparelho de inalação com uma
ordem singela e peremptória: “Seo Max, respire”. Foi repetida a
ordem: “seo Max, respire” e, finalmente, uma terceira e última ordem: “Seo
Max, respire”.
Apaguei definitivamente!!!
Até ali ouvi e vi. Depois, não vi
mais nada, absolutamente. Acho que demorou umas três horas. Já de volta à UTI,
recebi a visita do médico chefe da equipe que me fez breve relato. Fizeram duas
incisões de nove pontos, em cada lado da virilha, prontamente colocaram uma
prótese que, substituiu parte da aorta que foi retirada. Pronto. Não vi Deus nem
anjos, não vi caminhos de luz, nem fachos de luzes, nem experimentei
incandescências, muito menos ouvi vozes de admoestações ou até mesmo que estava
retornando dos umbrais do paraíso.
É impressionante como pessoas descrevem
o que nos parece, ”data venia”,
ilusões da mente. Numa operação, depois de anestesiada, a pessoa é um “morto”, a pessoa torna-se, na prática,
um morto. Nada sente nada vê, nada experimenta. Até que me preparei para
a partida, eu que sou um “fanático por Jesus”. Até hoje me pergunto,
porque, tendo vivido tanto, não embarquei de vez? Bem que eu queria e desejei.
Essa resposta terei um dia desses. Por ora, só desejo dizer que não vi sinos,
badalos, anjos bailando, os portais do céu ou os emissários de algum lugar. E
fico a imaginar quão certa é a Palavra do Senhor quando afirma que o “morto
nada vê, nada sente quando desce à sepultura”. No Salmo 115:17 afirma
com toda a força: “Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem à
sepultura”. Portanto, se alguém começar a contar umas lorotas que
foi ao céu, falou com alguma tal pessoa, desconfie. Deve estar tresvariando,
para não dizer, mentindo.
Um abraço.